domingo, 26 de fevereiro de 2012

Estrogonofe de Camarao e Memorias

Vou comecar esse texto me desculpando com voces meus queidos leitores, com tanta mudanca na minha vida, acabei por deixa-los temporariamente de lado. Acho que nem todos sabem, mas agora estou morando na Escocia e esses ultimos tempos foram de preparacao para esse grande passo na minha vida. Ainda nao estou com tudo resolvido, mas vou tentar voltar a postar regularmente (todas as semanas). Espero que curtam essa receita (temporariamente sem fotos porque a Rosinha ainda nao me enviou), que e deliciosamente especial e simples. Com o adicional do que eu for vivendo por aqui!
beijos


Lavou os camarões  sem casca – 300g aproximadamente - e os colocou na panela com a água que já fervia há alguns minutos. Retirou-os quando estavam rosados, uns 3 minutos depois de tê-los colocado, e lavou-os com água fria para parar o cozimento.

Enquanto colocou 1 colher de sopa de azeite e 1 cebola média em cubos e começou a mexer até a cebola murchar, abriu o envelope que pegou na caixinha do correio. Coração em festa! Havia lido centenas de cartas com aquela letrinha inconfundível em sua adolescência/juventude.

Conheceram-se – ela e Kátia Maria – aos 12 anos, ambas, quando esta havia vindo morar em Brasília com a irmã mais velha, Zezé. Foi a primeira vez em que ouviu alguém falar de São Luís do Maranhão com tanta paixão: a ilha do amor.

Imersa em suas lembranças, quase deixou a cebola queimar, nesse momento adicionou 1 xícara de vinho branco seco e quando o álcool evaporou colocou 2 caixinhas de creme de leite e mexeu vigorosamente até incorporar. Corrigiu o sal e a pimenta, colocou os camarões e apagou o fogo. Acrescentou cheiro verde bem picadinho e experimentou: estava perfeito. O sabor era como se lembrava de ter apreciado esse prato feito por um amigo da Alessandra, que é amiga da Kátia Maria, numa das vezes em que voltou a São Luís. E perdeu-se nas recordações novamente...

Depois de alguns meses de intensa amizade, a Kátia teve que voltar para casa. Trocaram endereço e telefone e prometeram escrever-se com frequencia. E assim aconteceu.

Telefonavam-se de 2 a 3 vezes ao ano: 14 de abril, 14 de outubro e 25 de dezembro – aniversário de uma e outra e natal. Trocaram muito mais que simples correspondências por anos e anos. Havia histórias, segredos, as mais profundas confidências e desejos, banalidades, sonhos, experiências. Um pouco de tudo era registrado naquelas cartas. E cumplicidade, muita cumplicidade.
 
Folhas de caderno, papéis de carta decorados e até guardanapos de bares e restaurantes formaram aquele acervo com a história de cada uma. Reencontraram-se pela primeira vez depois de 17 anos, quando resolveu sair de Brasília rumo a São Luís: 36 horas de ônibus. Mas valia a pena, havia acabado de se formar em Turismo e ia finalmente reencontrar a amiga querida. Conheceria enfim a famosa ilha do amor e os lugares sobre os quais lera e imaginara tantas e tantas vezes naquelas deliciosas cartinhas. Conheceria os familiares e amigos da amiga, e seus filhos. Em momento algum teve medo de que as coisas não fossem como antes, sabia que apesar de tantos anos afastadas a amizade havia se solidificado.
 
O reencontro foi delicioso, como não podia deixar de ser. A amiga e seus filhos a levaram a descobrir cada pedaço da ilha: a Praia Grande, o Centro Histórico, o Bar do Rui, as infindáveis praças, as praias – Litorânea, Marcela – e seus arredores: São José de Ribamar, as praias do Raposo e Panaquatira. Uma vez foi parar em Barreirinhas com Kátia, e encantou-se com a beleza dos Lençóis Maranhenses quando esses ainda nem haviam sido ‘enrugados’ pelo turismo de massa.
 
Experimentou de tudo: arroz de cuxá, peixe pedra, geleia de pimenta, ostra, caranguejo com arroz de toucinho e o camarão seco feito de várias formas. A torta de camarão seco feita com ovos batidos e assada em forno médio (é só isso mesmo) é inesquecível. 

São Luís pode até ser chamada de ilha do amor pelos seus habitantes, mas para ela era muito mais que isso: era terra de alegria, gente querida, boa comida, grandes belezas e um dos lugares escolhidos para passar a lua-de-mel.

Foi retirada de suas memórias com o barulho das chaves do marido abrindo a porta. Beijou-o, fechou o envelope e, enquanto servia a mesa lembrou-se de que foi a internet com os tais e-mails que lhe tiraram a deliciosa sensação de esperar por uma cartinha de um amigo querido, de abrir a caixinha do correio ansiosa pela chegada de notícias e novidades, coisas boas ou não. Ah.... as velhas e deliciosas cartinhas!

Obs.: Para acompanhar bastam arroz branco e batata palha. Refiz essa receita pouco antes de deixar o Brasil, na casa da Rosinha. Foi um almoco para nos duas e mais a Edna. Ficou uma delicia, o sabor me encheu de memorias. Agora e so aguardar e pedir a Deus que um dia essas fotos realmente cheguem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, se você gostou deixe aqui seu comentário.