domingo, 27 de março de 2011

Quero mais Petit Gateaut

Conheci a Dri quando tínhamos por volta de 6, 7 anos de idade (isso faz uns 5 a 10 anos no máximo ahahahahahhahah). Ela morava na rua abaixo da minha, no Guará II, o que facilitava brincarmos muito juntas. Estudamos aaaanos na mesma escola e íamos juntas. Passamos por várias fases da amizade, que resistiu ao tempo. Por vezes ficamos muito tempo sem nos falar. Não por brigas, nem por raiva, mas pelos trajetos que a vida nos impõe. O bom é que sempre que nos encontramos, retomamos o papo “de onde deixamos” da última vez. Isso é gostoso demais!

Somos bem diferentes uma da outra: características marcantes em cada personalidade, jeito de ser e de agir, gostos diversos, preferências variadas, e tudo isso só serviu para fortalecer mais nossa amizade. A gente aprendeu a se conhecer e se respeitar, reconhecer os limites de cada uma e as necessidades. Assim estamos próximas mesmo quando estamos distantes. Nossa amizade tem um sabor doce, leve, muito bom. Tão bom como o Petit Gateaut que preparamos no dia em que a Dri foi lá pra casa e fizemos risoto de pêra, gorgonzola e nozes como prato principal.


A receita que tenho é tão prática e rápida, e toda a conversa que tínhamos para colocar em dia estava tão agradável, que nem deu preguiça de voltar à cozinha. 
Dessa vez precisamos de:
1 barra de chocolate meio amargo - 170 / 180g
100g de manteiga
1 xícara de Açúcar
1 xícara Farinha de trigo
4 ovos

Derreta o chocolate com a manteiga (a receita diz em banho Maria, mas já experimentei usar o microondas por 1 minuto e ficou perfeito), acrescente o restante dos ingredientes e mexa até a massa ficar homogênea.
Coloque em forminhas untadas, tomando cuidado para colocar massa apenas até a metade da forma, pois o bolinho vai crescer e pode derramar. Leve ao forno pré-aquecido em 180º por 8 minutos. Desligue, desenforme e sirva com sorvete de creme.


Essa quantidade rende 8 (oito) petits, nós fizemos a metade da receita (quatro petits) e só assamos 2 (dois), depois de comer risoto acompanhado de pró seco branco, 1 (um) petit era suficiente para cada uma. Não precisamos de nada mais, a noite terminou com muita conversa e bastantes risadas e boas idéias para o próximo encontro, que faremos na casa dela!

domingo, 20 de março de 2011

Filé de Congrio a Viña Del Mar


Márvio, eu, Vilma e mãe

Foi em outubro de 2010, por volta do dia 04 ou 05 não estou muito certa, e o senhor Jorge (a partir de agora denominado Ror- rre, como pronunciam os chilenos) nos apanhou no hotel em Providência - um bairro pitoresco e bem agitado de Santiago do Chile, o qual eu a - d - o - r - e - i! - às Nós, éramos eu, o Márvio, minha mãe e a Vilma, uma amiga de minha mãe. 

Naquele dia o roteiro era: Valparaíso e Viña Del Mar, cidades balneárias a 1 hora e meia de Santiago. "Ror-rre" foi fantástico! Fez as vezes de guia enquanto dirigia e, de vez em quando, arriscava uma piada ou um comentário engraçado. A viagem pareceu durar menos de meia hora e, a bela vista do caminho enchia nossos olhos e alimentava nossas almas. Passamos por morros, cidadelas e vinícolas tendo sempre a paisagem das Cordilheiras dos Andes ao fundo - belíssima!

A princípio achamos que havíamos escolhido o dia errado para tal passeio devido ao tempo chuvoso e neblinado. Um frio de enlouquecer! Definitivamente não, não era o dia mais apropriado para a praia, mas aos poucos o tempo foi abrindo e o sol aventurava-se num ou noutro raio. O tempo não abriu, mas a chuva parou. A neblina cessou, e o dia foi completo.
Valparaíso - vista mirante

Valparaíso não é o lugar mais lindo do mundo – como já havia me advertido uma amiga - mas "Ror-rre" fez tudo parecer encantador. Visitamos os principais pontos turísticos, conhecemos a casa de Pablo Neruda – La Sebastiana - fomos a duas feirinhas de artesanato e tiramos fotos, muitas fotos.

Por volta das chegando a Viña Del Mar, decidimos que já era hora de almoçar. "Ror-rre" então nos levou a um restaurante perfeito: era um castelo do século XIX, de frente para o Oceano Pacífico, onde podíamos vislumbrar não só a infinitude do oceano como pelicanos e gaivotas (vários) em descidas triunfantes que acabavam em rápidos mergulhos nas gélidas águas do Pacífico - já colocou os pés naquelas águas? É uma sensação de congelamento! - em busca dos mesmos peixes os quais ansiávamos ter em nossos pratos em breve

Pedi um filé de congrio, um peixe de carne branca levíssima típico do Pacífico - que para minha surpresa encontrei facilmente nas feiras aqui em Brasília - finamente grelhado em azeite, com um delicioso molho de camarões, puxados na manteiga de ervas finas com cebola laminada, tomates cereja sem sementes cortados ao meio, sal à gosto e um toque de salsinha e pimenta vermelha em juliene.


Experimentei esse manjar dos deuses acompanhado de batatas puxadas na manteiga temperadas com sal e cebolinha picada e Pisco Sour, uma bebida tipicamente chilena feita com 1 dose de pisco - uma espécie de cachaça - sumo de 1/2 limão, 2 colheres de sopa de açúcar e 1/2 clara de ovo, bem batidos no liquidificador e servido bem gelado com uma fina fatia de limão para decorar. Lembra um pouco a nossa famosa caipirinha.

O sabor do peixe era suave e sua textura macia, quase derretia na boca. O molho, picante ao ponto, encaixava-se perfeitamente naquele ambiente tão agradável... A combinação de ingredientes foi muito feliz. Após a refeição, nos permitimos alguns momentos mais de prazer e, enquanto observávamos os pássaros em seus mergulhos radiantes - cena de filme hollywoodiano - eu finalmente entendi que aquela gélida imersão pacífica valia à pena.

Depois do almoço, fomos passear por Viña Del Mar, que é de longe muito mais bonita e agradável que Valparaíso. Passamos pelos principais pontos turísticos, tiramos foto no relógio das flores e, num gesto de imitação às gaivotas, colocamos nossos pés nas congelantes águas do mar. Uiii, achei que fosse perder os pés! A sensação é indescritível, parecida com colocar os pés numa bacia com muito, muito gelo e deixar por uns cinco minutos - foi o tempo que agüentei, mas tem que experimentar para saber como é. Voltamos para o hotel por volta das com um sentimento íntimo de plenitude.

O passeio foi memorável, mas degustar essas delícias contemplando o Oceano Pacífico em toda sua plenitude é o passeio inesquecível dessa viagem maravilhosa! Às vezes permito-me voltar ao Chile e faço esse filé em casa, é sempre delicioso, mas sinto falta de algo, não sei se a vista, o ambiente ou todo o conjunto. Sei que a experiência ficou gravada na memória.

domingo, 13 de março de 2011

Macarrão Mediterrâneo em Brasília

Lu e Eu
Conheci minha amiga Luciana em 2004, quando eu ainda morava em Fortaleza. Ela era minha 'trainee'. Não foi amor à primeira vista (nem ódio!), nossa amizade foi-se fortalecendo aos poucos, dia a dia, intensamente. É interessante como, até hoje, conseguimos nos divertir bastante com muito pouco. Demos boas risadas e depois do treinamento de quatro meses e mais seis meses da efetividade dela, eu vim embora para Brasília. Ainda hoje guardo o cartão que ela me deu no aeroporto com uma bela mensagem do coração dela. A partir de então sempre nos falamos por email e telefone, e quando a oportunidade e a conta bancária permitem, vamos ao encontro uma da outra.

Numa dessas idas e vindas, a Lu veio conhecer Brasília e, é claro, matar saudades. Então ela resolveu cozinhar pra gente. A Lu está entre minhas melhores amigas, mas cá entre nós ela não é a melhor amiga da cozinha, então fez um prato prático e delicioso. Ela usou 500g de macarrão do tipo penne, 3 latas de pomodoro pelatti picados, 2 cebolas grandes em rodelas, azeite, sal e pimenta calabresa a gosto, 500g de camarão (se estiver fresco fica ainda melhor) e um maço de manjericão fresco.

Ela ferveu o macarrão em água com sal, até o ponto al dente. Jogou os camarões em água fervente por aproximadamente 3 minutos (até que ficaram vermelhos) e reservou esses 2 ingredientes. Depois, fritou as cebolas no azeite até elas murcharem e então acrescentou os pomodoros pelattis. Quando o molho havia encorpado, ela colocou os camarões. Nesse momento acertou o sal e a pimenta e desligou o fogo. Acomodou o macarrão numa travessa e deitou o molho sobre ele, depois misturou graciosamente o manjericão e o molho ao macarrão e serviu bem quente, deixando a parte o queijo ralado – para aqueles fanáticos por queijo com massa, tipo eu - e um bom vinho tinto carmenere.

Foi um jantar em família delicioso! Essa mistura é perfeitamente agradável ao paladar. E combina perfeitamente com uma conversa amigável e boas risadas.

Depois que ela foi embora eu já fiz esse prato algumas vezes, mas como boa curiosa da gastronomia que sou, é claro que já inventei variações e posso garantir que esse macarrão fica igualmente aprazível se substituir os camarões por peixes variados - na ocasião usei salmão, robalo, atum e bacalhau, tudo em pequenas quantidades e previamente cozidos - ou se simplesmente acrescentar uma variedade de frutos do mar aos camarões. Aí ele fica um verdadeiro macarrão mediterrâneo! Também já usei talharim do tipo massa fresca, e fica igualmente bom.

A distância, é engraçado dizer, apesar de alimentar as saudades, fortalece os laços de estima. São agora 6 anos e um pedaço de boa amizade, mas sempre que nos encontramos é como se nunca tivéssemos nos afastado. E o papo, as gargalhadas e o carinho continuam do mesmo ponto em que paramos no último encontro! E quando a saudade aperta muito e não podemos nos encontrar, faço um bom macarrão mediterrâneo em homenagem a nossa grande amizade e o pensamento me leva longe!

domingo, 6 de março de 2011

Risoto de pêra, gorgonzola e nozes com sabor de infância

Sempre gostei muito dessa coisa de gastronomia, culinária, receitas e coisa e tal, mas dessa vez coloquei na cabeça que queria fazer um curso e mais, queria fazer junto com minha mãe. Achei que ambas nos beneficiaríamos de um momento assim juntas.

Minha mãe, a chef Catarina
e o pessoal do curso
Em fevereiro de 2011 procurei duas vagas no curso de risotos da chef Catarina Melo. A Catarina me foi recomendada pela Dri, minha amiga de infância, que havia feito o curso com ela e gostado muito. Fiquei extremamente decepcionada quando a chef me informou que não havia mais vagas para o curso daquela data, mas que se alguém desistisse, ela me ligaria. Não ligou. Eu, boa brasileira que sou, não desisti. No dia anterior ao curso, resolvi ligar novamente, ninguém desistiu. Tudo bem, fazer o que? Nem sempre a vida acontece como a gente quer. Dez minutos depois da última negativa, porém, a Catarina me ligou informando que um casal havia desistido na última hora. Fiz o depósito assim que ela me informou sobre as vagas, feliz por tudo ter dado certo.

O curso foi ótimo, a chef é dinâmica, divertida e didática (tudo assim começando com ‘di’ ficou até engraçado). A turma com 8 pessoas conseguiu interagir bem e a aula foi um sucesso. Além de uma delícia, devo dizer. Aprendemos a fazer risoto de camarão, champagne e parmesão, de presunto de parma com queijo gruyere, de calabresa com alho porró e açafrão (o verdadeiro, não o da terra), de tomates secos com aspargos frescos e queijo camembert e de frango com chutney de banana e parmesão. Ficou bem difícil definir qual era o melhor. Estavam todos deliciosamente saborosos!

Saí do curso decidida a fazer vários outros cursos pela cidade! Para mim, foi uma realização. Então, para comemorar e colocar em prática o aprendizado combinei com a Dri um jantar lá em casa. Para duas pessoas, usamos:
200g de arroz arbóreo;
1 pêra - não muito madura para não derreter, mas também não pode ser verde - picada em pedaços (deve ser picada perto do horário do uso para não escurecer);
1 triângulo de queijo gorgonzola - aproximadamente 100g;
750 ml caldo de legumes - pode ser o de cubinho derretido em água fervente, mas com o caldo feito em casa fica mais gostoso;
1 colher de sopa de manteiga;
1 colher de sopa de azeite;
1 cebola picada;
100ml de bebida alcóolica clara (no caso usamos cachaça);
100 g de nozes picadas.

O arroz arbóreo não pode ser lavado para dar a liga do risoto. Coloca-se na frigideira a manteiga, o azeite e a cebola tudo ao mesmo tempo até a cebola murchar. Acrescenta-se o arroz e vai mexendo por mais ou menos 1 minuto - ele fica um pouco transparente - nesse momento acrescenta-se a cachaça até o álcool evaporar (quando o cheiro do álcool sumir) aí, começa acrescentar o caldo - que precisa estar quente - devagar. Uma no máximo duas conchas por vez, quando estiver secando, acrescenta-se mais. Começa a contar o tempo de 15 minutos a partir do momento que colocar a 1ª concha de caldo. Nunca deixe secar o arroz. Quando completar os 15 minutos acrescenta-se os ingredientes, começamos pelo queijo, no último minuto acrescentamos a pêra e após desligar o fogo juntamos as nozes para não perderem a crocância.

Servimos quente acompanhado de espumante branco que no rótulo dizia ser suave e nos deixou bem apreensivas, mas no fim das contas era quase seco e bem gostoso. Ficou tão bom o risoto que já estou pensando numa receita de risoto com damascos! Já me achando a chef de cozinha!

Para fechar com chave de ouro, depois do risoto fizemos também um petit gateaut. Só que essa receita virá numa outra postagem, para ficar – como costuma dizer minha mãe – com um gostinho de quero mais.

Nessa noite conversamos até bem tarde. O jantar ficou delicioso, a sobremesa estava perfeita, e nada como a agradável companhia de uma grande amiga para deixar a noite realmente deliciosa!