quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Torta de Banana em Jericoacoara


O perfume doce e marcante da banana que vinha lá de dentro era delicioso. Selena ficou ali, do lado de fora da casa, com a cabeça enfiada na janela, quase se jogando dentro do salão daquela casinha branca de janelas marrons, em uma das quatro ruas de Jericoacoara. O que lhe chamara a atenção, fora mesmo o aroma que vinha de lá.

A princípio era apenas um cheiro gostoso e adocicado que tomava conta de toda a rua. Mas quanto mais se aproximou, os perfumes iam se apresentando um após o outro, e instigando o paladar de Selena. Conseguiu detectar o familiar aroma de banana, mas havia algo mais: o aroma era doce, amanteigado, tinha um leve toque de canela. Sim, tinha canela.
Quando não se aguentou mais bateu palmas desesperadamente pela janela e ficou a espera de alguém que pudesse lhe esclarecer o que exalava um perfume tão saboroso. Logo apareceu uma mocinha: magrinha, pequenina, loira e bem feita de corpo que com seus olhos bem verdes assustou-se ao ver Selena sentada no beiral da janela com as pernas já dentro do salão.

Pois não? - perguntou a moça, educadamente.
Bom dia! - disse Selena sorrindo. - Esse cheiro delicioso que me trouxe da rua até aqui é de que?
Ah, o cheiro de banana? É da torta.
Torta é? Hummmm e é pra vender?
É. Mas estamos fechados no momento. Essa é encomenda.
Sei. Mas você não pode me vender essa torta e fazer a outra da encomenda?
Na verdade não, porque se o cliente chegar e a torta dele não estiver pronta, é ruim pra gente.

Selena não queria saber, precisava comer daquela torta. O cheiro de banana já havia entranhado por todo o seu ser e ela já podia sentir o sabor mesmo antes de experimentar. Então arriscou:

Será que você não teria pelo menos um pedaço para me vender? Para eu experimentar? É porque esse cheiro está deliciosamente gostoso e eu realmente gostaria de provar essa iaguaria.

A menina sabia com o que estava lidando. Não raro pessoas paravam à janela para perguntar o que era aquilo que cheirava divinamente bem ou se não havia torta para vender e sempre lhes informava o horário de funcionamento e, com muito jeito, pedia que voltassem mais tarde quando poderiam ser servidos da melhor maneira possível. Mas daquela vez, não sabia bem o porquê, simpatizou com aquela mulher sentada na janela e lhe serviu um pedaço que havia guardado para uma amiga que viria lhe visitar mais tarde.

Ao dar a primeira mordida no pedaço de torta, Selena teve a sensação de estar flutuando. O sabor da banana bem doce, polvilhada com canela e acentuada com o sabor da manteiga que não sabia bem se vinha da massa ou da própria banana era perfeito. E aquela massa macia que desmanchava na boca fazendo suas pupilas gustativas entrarem em festa: Uau! Que torta maravilhosa! Menina, que horas mesmo você me disse que a loja abre? Tenho que trazer meus amigos aqui.

Desmanchando-se em agradecimentos e perguntas, Selena não parava de falar. E a menina, olhando-a fixamente não entendia bem porque as pessoas sempre reagiam daquela maneira. A torta era a coisa mais simples que ela já havia feito em toda a sua vida, chegava mesmo a ser bestinha, mas todo mundo se maravilhava com o resultado. Ficou pensando nos ingredientes e enumerando o passo a passo mentalmente para ver se descobria o motivo:

100grs manteira em temperatura ambiente
1 ovo grande
1 xícara de açúcar;
1 colher de sopa de fermento;
2 xícaras de farinha de trigo;
bananas cortadas em fatias ao longo do comprimento e canela a gosto.
Formar uma massa com as mãos até ficar homogênea, forrar uma assadeira (não precisa untar), dispor as bananas colocar açúcar e canela, levar ao forno.

Não... não tinha nada de mais nessa receita. Era simples. Fácil. Com ingredientes comuns, do dia a dia. A diferença era que antes de colocarem as bananas sobre a torta, elas passavam as bananas na frigideira com um pouquinho de manteiga. Sem deixar fritar, só dourar um pouco, para acentuar o sabor da banana. Depois polvilhavam canela sobre as bananas e levavam a torta ao forno pré-aquecido em 200º por aproximadamente 30 minutos ou até o palito sair limpo. Só se essa passadinha da banana na manteiga fosse o segredo.

Realmente, era muito besta aquela receita. Então, Marilene lembrou-se de quantas tortas ainda tinha que fazer, quanto trabalho ainda tinha pela frente e do horário que avançava nada lentamente e deixou os pensamentos de lado e despachando Selena gentilmente, retomou os ingredientes, colocou na bacia e pôs-se a amassar. Dali a pouco, os clientes começariam a chegar, mais encomendas a entregar e a loucura tornaria a se instalar! 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Risoto de Abóbora com Gorgonzola


A infância difícil fez com que Diana se determinasse a ter uma vida digna quando adulta. Quando criança por vezes passara fome e tivera de dividir a comida com os irmãos, mesmo sentindo fome. A comida não era suficiente para toda a família. O pai abandonara-os quando os gêmeos eram ainda bebês e toda a carga da família ficara com sua mãe.

A doce Anália! Logo que engravidara dos gêmeos, Teobaldo suplicara para que ela deixasse o emprego para ser mãe em tempo integral. Graças a Deus, Anália amava demais o que fazia para escutar o marido. Continuou trabalhando duro. Viviam uma vida difícil porque tanto Anália quanto Teobaldo ganhavam pouco, e com três crianças tinham muita coisa para pagar. Quando ele sumiu de casa, Anália pensou que não daria conta. Conseguiu, até onde a vida a permitiu, criou três belos filhos.  Mas a vida não estava disposta a ser benevolente com Anália, levou-a cedo. Quando os gêmeos estavam com 15 anos, Anália teve uma doença grave e foi-se. E toda a carga ficou com Diana, com 21 anos então.

Diana, que trabalhava de ajudante de cozinha numa cantina italiana, mudou-se para mais perto da escola dos meninos e resolveu que iria fazer faculdade de gastronomia. Começou a trabalhar dobrado na cantina para acumular não só conhecimento, como também o dinheiro necessário para sustentar seus irmãos e pagar a faculdade. Conseguiu uma bolsa numa boa faculdade bem longe de casa. Tinha que pegar um ônibus e o metrô e ainda carona com uma colega da estação até a faculdade. Chegava em casa depois da meia noite e acordava às 5 da manhã. Em nenhum momento, esmoreceu pois. A cada dia, quanto maior a dificuldade, maior a determinação de Diana.

Até que chegou o grande dia e Diana formou-se. Os gêmeos estavam lá, sentados na primeira fila de convidados, aplaudindo e assobiando para a irmã. Como se amavam aqueles três! Aquela era uma conquista de toda a família. Por Anália! Até seu Giuseppe, o dono da cantina onde ela trabalhava, estava lá, com seus colegas de trabalho. Com lágrimas nos olhos, Diana recebeu o diploma, o ergueu aos céus e agradeceu a Deus.

Todos haviam sido convidados para comemorar na cantina do seu Giuseppe, mas Diana seria a chef daquele momento. Ela havia pensado numa receita super especial: Risoto de abóbora com gorgonzola.

Para duas pessoas a receita levava:
250g de arroz arbóreo
250g de abóbora em cubos, cozida
1 colher de sopa de azeite
1 colher de sopa de manteiga
1 cálice de vinho branco
100g de queijo gorgonzola
abóbora em cubos, frita para decorar
Caldo de frango
Alecrim

Porém Diana teve que aumentar a quantidade de ingredientes devido ao número de pessoas presentes. E começou a fazer:

Colocou o azeite e a cebola na panela até dourar. Juntou o alecrim e mexeu mais, até exalar seu perfume. Acrescentou o arroz (sem lavar) e mexeu até que ele ficasse transparente por fora e branco por dentro. Nesse momento adicionou o vinho até evaporar o álcool. A partir de então começou a colocar o caldo de frango concha por concha, sem deixar o arroz secar por aproximadamente 15 minutos. Nesse ponto acrescentou a abóbora cozida e o gorgonzola. Misturou. Acrescentou a manteiga e mexeu para dar cremosidade.
Serviu o risoto decorado com cubinhos de abóbora fritos e de gorgonzola, azeite e pimenta do reino moída na hora.

Os gêmeos sempre foram fãs da comida feita por Diana. Comiam e repetiam desde crianças. Naquele dia, parecia que estava tudo muito mais saboroso. Achavam que a conquista, o diploma e o amor tinham temperado melhor aquela comida. E aplaudiram a irmã de pé. Seguidos pelos outros convidados, que também aprovaram aquela combinação de sabores.

A suavidade da abóbora foi acentuada pelo sabor marcante do queijo gorgonzola, e a textura daquele risoto era extremamente macia. Ao chegar à boca, a mistura dos dois sabores era notável e sutil ao mesmo tempo. Uma refeição leve e inesquecível, digna de comemoração de momentos especiais!  

Quando os colegas estavam retirando os pratos, para servir a sobremesa, também criada e preparada por Diana, seu Giuseppe fez um convite: Diana, tu sei una buoníssima chef. E Carlo non trabalha mais na cantina. Quer ser a nova chef da Cantina Giuseppe? Che me dice tu?

Era muita emoção para um só dia! Com lágrimas nos olhos Diana foi abraçada pelos gêmeos que a ergueram nos ombros enquanto todos aplaudiam. Seu Giuseppe era só sorrisos e Diana, bem Diana sabia que aquele era apenas o começo de uma estrada de muito sucesso. A miséria e as dificuldades estavam sendo postas para trás, numa estrada trilhada rumo a uma vida melhor. Uma vida bem melhor.

domingo, 27 de novembro de 2011

Pasta Rústica de Alho


Foi no Icaraí-CE que nasceu a Pasta Rústica de Alho. A Rê conseguiu emprestada uma casa de praia num condomínio super gracinha (assim como ela) com uma piscina enorme bem de frente para a casa e com vista para o mar – a vista era algo discutível, mas subindo na mureta da varanda atrás da casa, a gente via o mar. A praia do Icaraí já foi bem melhor, mas quem liga? O importante é estar com pessoas queridas num lugar bem gostoso. E mar é mar.

Saímos no sábado: eu, a Cri, a Rê e a Liana. Fomos no carro da Liana até o Icaraí, deixamos as coisas na casa e caminhamos – sim, caminhamos – até a praia do Icaraí, aquela que não está mais grandes coisas. Apesar do mar estar um tanto forte e ter pedras tão grossas como cacos de vidro na praia, foi bem divertido. Mas nada se comparou a chegar ao condomínio e cair naquela piscina deliciosa depois de um dia de praia. Ficamos ali conversando besteiras quando a Rê teve a brilhante ideia de fazermos um churrasco. A concordância foi geral: saímos, compramos carne, grelha e carvão e o churrasco rolou até mais tarde.

No domingo, fomos até a praia da Tabuba, um tanto melhor. Não comemos nada na barraca e voltamos para fazer um novo churrasco na varanda atrás da casa. Na piscina, eu tive a ideia de fazer uma pasta de alho, mas não tínhamos alho. Então a Cri sugeriu eu usar toda a minha carinha de madeira e pedir no bar do condomínio uns 2 dentes de alho. E não é que a ideia deu certo? A mulher do bar me cedeu os alhos sem pestanejar. Só que também não tínhamos os outros ingredientes que normalmente usamos para fazer a pasta de alho (creme de leite, maionese e requeijão), mas tínhamos pão, muuuuuito pão.

Assim, misturei 2 pães carecas (aqueles de cachorro quente) em meio copo de leite (aproximadamente 100 ml) e com um garfo bati até ficar homogêneo e reservei. Piquei os 2 dentes de alho em pedacinhos bem pequenos. Por sugestão da Cri – estava sugestiva a pessoa -  piquei meia cebola e um pedaço de queijo coalho em pedaços bem pequenos e misturei com o alho, a cebola e o queijo. Temperei tudo com azeite, sal e orégano e adicionei a mistura de pão com leite mexendo bem. Passei a mistura em abundância em uma fatia de pão de forma e cobri com outra fatia, como se fosse o recheio de um sanduíche e a Cri colocou na grelha.

Quando o pão estava dourado dos dois lados, ela tirou e cortou em pedaços pequenos. Servimos. Comemos. Nos entreolhamos. Olhamos para as meninas e sim, a aprovação foi geral. Estava escrito nas carinhas delas. Aquele foi o melhor pão de alho que já comi em toda a minha vida! Foi opinião unânime, todas gostamos. O negócio ficou tão bom que ali, naquele momento ficou decidido que entraria para o blog. Não tinha como ficar de fora. Ficou perfeito em sabor e textura. Imediatamente a batizei de Pasta Rústica de Alho. Criação própria.

Passamos mais algum tempo ali antes de retornar a Fortaleza. E aquela Pasta Rústica de Alho ficou na lembrança, deixando aquele gostinho de quero mais de que tanto gosto. Na vida isso é uma das coisas que valem a pena: comer gostoso na companhia dos amigos em um lugarzinho pitoresco! (a Rê adora essa palavra!)

E eu tenho do que reclamar?


Variação 1: Pasta de alho misture iguais medidas de creme de leite (½ caixa), maionese (½ pote) e requeijão (½ copo), com 2 a 3 dentes de alho e bater tudo no liquidificador/processador. A quantidade de ingredientes depende da quantidade de pasta desejada.
  
Variação 2: Pasta de alho light: 1/3 de ricota, 1 pote de iogurte natural, 2 a 3 dentes de alho. Bata tudo no liquidificador ou processador. 
Essa base de ricota com iogurte natural serve para fazer pasta de sabores variados: azeitona, atum, peito de peru defumado... depende do gosto e da criatividade. 

Para todas as receitas, a quantidade de dentes de alho depende do gosto de cada um, quanto mais alho, mais picante.
Se desejar acrescente orégano e/ou pimenta do reino ou calabresa às pastas.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Risoto ao Funghi da Déa


Durante essa minha estadia em Fortaleza tive a oportunidade de reencontrar a Déa, a Mel e a Ana – amigas queridas dos tempos em que residi no Ceará - e fazer atualização dos fatos: quem casou, quem separou, quem teve filhos e quem não mudou a vida. Bem, quem não mudou a vida não há, afinal foram 5 anos longe, e em tanto tempo, querendo ou não, a vida muda. E muito! Mas todo mundo está bem e a conexão e amizade que havia entre nós - felizmente - não mudou.
Mel, Eu, Ana e Déa

Entre encontros e reencontros, resolvemos marcar um jantar na casa da Andréa regado a muita conversa agradável, risadas gostosas e bons vinhos. Tiramos fotos até do pensamento de cada uma, e a diversão foi ingrediente indispensável. A Andréa decidiu fazer um risoto ao funghi e, a pedidos, eu faria um Escondidinho de Morangos.

Na sexta-feira depois do trabalho fui com a Ana para a casa da Déa, a Mel chegou depois. Estava tudo muito lindo: a Déa colocou umas velinhas espalhadas pela varanda e boa música rolando na sala, organizou a mesa com petiscos bem gostosinhos e nesse ambiente tão aconchegante nos instalamos - e a conversa correu solta!

Lá pelas tantas a Déa disse que precisava colocar o funghi de molho. Então começamos a preparar o jantar - Adoro esse ritual! - Ela disse que, quando o risoto é o prato principal, ela usa 50g de funghi para até 3 pessoas. Nesse dia ela usou 75g porque éramos 4. Então ela lavou os funghis em água corrente e deixou-os hidratando em vinho branco de boa qualidade por 45 minutos (é preciso colocar os funghis em uma vasilha e cobri-los com o vinho, sem dó).

Enquanto esperávamos: mais conversa, mais vinho, mais risadas e mais fotos. Relembramos histórias que vivemos juntas, episódios engraçados, um pouco da vida de cada uma nesse meio tempo, um pouco da vida atual, falamos sobre viagens, sobre planos para o futuro, um pouco de cada coisa, um tanto de cada uma. E 45 minutos depois...

Saímos da varanda em direção à cozinha para dar início ao prato principal. Nesse clima descontraído, eu terminei a sobremesa que ficou na geladeira aguardando o momento de degustação e fiquei observando a Andréa preparar o risoto:

Ela refogou a cebola no azeite de oliva e quando estava bem "transparente", espremeu o funghi e colocou-o na panela. Deixou refogar e acrescentou o arroz arbóreo. Quando o arroz estava bem misturado e escurinho, acrescentou o vinho em que foi hidratado o funghi e deixou-o evaporar um pouco, mexendo sempre. Depois acrescentou aos poucos a água com o caldo de carne para ir cozinhando o arroz. Mexendo sempre, para que o risoto ficasse bem cremoso.
Acertou o sal e a pimenta e quando estava quase pronto (mais ou menos 18 minutos), acrescentou 1 colher de margarina e o queijo parmesão.

Durante a preparação, vários aromas aguçaram meu paladar. Acredito que aguçaram nossos paladares, mas eu estava completamente imersa naquele preparo e entreguei-me de corpo e alma. De início a fragrância da cebola refogando no azeite encheram o ar. Logo após, o agradável odor do funghi exalou e preencheu o ambiente seguido pelo suave perfume do vinho branco. Nesse momento eu já estava com os sentidos afiadíssimos e feliz de poder estar ali: curtindo aquele momento, com aquelas pessoas tão queridas e ter a oportunidade de me deleitar com aquela receita tão cheia de aromas.

Risoto pronto fomos todas ao quintal onde a mesa estava posta bem lindinha! Sentamo-nos e cada uma se serviu de uma generosa porção de risoto. Logo na primeira garfada, surgiram os elogios, totalmente fundamentados, àquela perfeita alquimia de gostos. Havia ali não só uma deliciosa combinação de perfumes como também um harmonioso ajuste de texturas e sabores.

Pouco depois do jantar, comemos a sobremesa, que também recebeu seus elogios (dessa vez usei coco ralado no brigadeiro branco, ficou ótimo). Mas na minha memória, o risoto foi - com toda propriedade - o rei daquela noite tão agradável de reencontro. É claro que o sabor do risoto só não ganhou do deleite do reencontro, porque matar saudades tem um sabor imbatível!

E - porque após 5 anos de ausência, nos pareceu justo descobrir e conhecer um pouquinho mais de cada uma - ao final da noite ficou decidido um próximo encontro na casa da Ana. Com novos sabores, novas texturas, novas alquimias... Adooooro, receitas, reencontros, amigos: é o que há de melhor na vida!

 Ingredientes utilizados no risoto (para 2 pessoas):
- funghi (eu uso 50 gramas para até 3 pessoas)
- 1 cebola picada em cubos bem pequenos
- 1 caldo de carne diluido em uma panela de água (uso uma panela pequena, mas deve ser uns 2 litros)
- pimenta
- sal
- vinho branco
- 1 xícara de arroz arbóreo
- 1 colher sopa de margarina
- azeite de oliva
- Parmesão ralado

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Pavê de Sonho de Valsa e Recordações



O aroma de lavanda se espalhava pela casa suavemente no exato momento em que Henrique releu o bilhete de despedida deixado sobre o travesseiro. Estava sentado na varanda, observando o alvorecer e olhando uma deliciosa porção daquele pavê de sonho de valsa que Valderina deixara na geladeira antes de viajar. A sua doce Val, sempre fazendo coisas para adoçar sua vida!

O céu estava de um azul bem claro com nuances alaranjadas e douradas do sol que despertava. Lá embaixo carros corriam freneticamente numa luta intensa pelo primeiro lugar nas pistas destoando completamente da paz que reinava ao seu redor. Henrique olhava o bilhete como quem olha um diamante: com admiração total, lembrando-se da despedida na manhã anterior.

Decidiu deixar o bilhete de lado e pegou a taça de vidro que continha a sobremesa. Val não gostava desse seu hábito de comer doces pela manhã, mas quem ligava? Ela estava viajando! Levou à boca uma colherada do doce e – deleitando-se com a textura macia e leve do mesmo e a explosão de sabor - imediatamente foi levado de volta ao passado, mais exatamente falando, à primeira vez em que Val preparara aquela sobremesa para ele... 

Início de namoro - havia 19 anos - conheciam-se há apenas uma semana. Valderina (Que raio de nome é esse? Pensou Henrique quando conheceram) com aquele seu jeito meigo, convidou-o a sua casa para experimentar uma nova receita que ela queria testar enquanto tomavam um vinho. Henrique aceitou o convite com um receio enorme dessa coisa de ser cobaia, mas estava apaixonado, o que mais poderia fazer senão aceitar? Levou uma garrafa de vinho branco chardonay e algumas flores do campo. Era visível que ela tinha gostado, seus olhos brilhavam como pedras preciosas.

Ele entrou. Ela o convidou para ir até a cozinha e servir o vinho enquanto ela preparava a receita. Conversaram muito e a conexão entre eles foi imediata. Era como se conhecessem a vida toda. Henrique ficou embasbacado com a beleza de Valderina – embora um tanto incomodado com seu nome - enquanto cozinhava e percebeu que aquele ambiente acentuava ainda mais sua delicadeza. Após o jantar, ela serviu a sobremesa que preparou naquele momento. Sua perdição! Lembrava a receita desde então:

Para o creme era necessário 1 lata de leite condensado, 1 lata de leite, 1 gema, 4 colheres de sopa de chocolate em pó, 1 colher de sopa de margarina e 1 colher de sobremesa de maisena diluída em leite gelado. Era preciso levar ao fogo todos os ingredientes exceto a maisena que deveria ser acrescentada quando o creme estivesse prestes a levantar fervura, “lembrando de mexer vigorosamente para não empelotar” – dizia Valderina enquanto mexia o creme. Depois você deixa esfriando e passa para a segunda parte.

Enquanto ela preparava o doce, Henrique sabia que já estava perdidamente apaixonado, que o nome dela era o nome dela e não diminuía em nada a beleza dela ou o amor que ele já sentia e que poderia casar-se com ela naquele momento exato. Mas sabia que não era prudente, então voltou a si quando ouviu-a dizendo: “Henrique, você está me ouvindo?”

E continuava a explicar: “se você quiser pode comprar o chantilly pronto para usar como cobertura, caso contrário deverá bater 1 clara em neve e acrescentar 2 colheres de sopa de açúcar, sempre batendo. Separadamente você deverá bater o creme de leite até o ponto de chantilly e incorporar a clara batida com açúcar.

Para servir você forra o fundo da forma com os biscoitos champagne umedecidos – não pode deixar de molho no leite senão vira papa, é só para passar no leite – por cima coloca o creme frio e espalha os bombons picados. Cobre com a cobertura ou chantilly e leva à geladeira. Antes de servir coloca no congelador por 10 minutos. Decora com bombons e é só devorar!”.

Valderina colocou o pavê na geladeira e levou Henrique para a sala. Conversaram e bebericaram por mais ou menos meia hora quando ela então se levantou e sorrindo o sorriso mais exuberante que Henrique já havia visto, foi até a cozinha e serviu o pavê em duas tacinhas de vidro. Quando Henrique levou a primeira colher à boca, tinha certeza de que era apenas questão de tempo e ele então se casaria com aquela mulher. E, de repente, da forma mais natural que pode perguntou: você se incomoda se eu te chamar de Val? - Ambos olharam-se e riram muito - daquelas risadas bem gostosas que puxam de dentro da gente - até que ela disse sim e eles beijaram-se apaixonadamente.

Hoje ele tinha certeza de que tomara a decisão certa, era feliz e apesar dela ter partido há menos de 24 horas ele ansiava por seu doce retorno com avidez. 

Obs.: Está faltando a foto do doce pronto porque eu esqueci de tirar! Desculpem.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Cebolas Crocantes em Caldas Novas


Quinta-feira, janeiro de 2011. Xuxu tido uma semana daquelas... E ainda estava tendo. Tudo de que precisava era de um convite do tipo irrecusável. E ele surgiu! Fim da tarde, quase enlouquecida toca o celular e uma colega diz: “Seguinte, quer ir para Caldas Novas com a gente? vai eu, Thaís, Mel e a Vanda. Você não vai ter que pagar nada, só o que consumir lá. Gasolina, hotel, já está tudo certo. O que me diz?”

E o que mais ela poderia dizer senão sim?! Acertaram os detalhes da partida e aguardou ansiosa. Na sexta-feira, por volta das 16:30h ela ligou informando que sairiam por volta das 18h. Tinha que correr para casa, arrumar as coisas, tomar um banho e estar pronta. Ela com certeza iria esquecer alguma coisa.

Chegaram a Caldas por volta de 23h, foi quando se tocou que tinha esquecido os apetrechos das lentes de contato... fazer o que né? Farmácia existe para isso... Assim, fizeram o check in, colocaram as coisas no hotel e foram dar uma volta na cidade. Não havia muita coisa, Caldas é assim: em fim de semana prolongado lota, em fim de semana normal é mais vazio. Nas férias é meio termo. Sentaram-se em um barzinho na praça central, ao lado de um com música ao vivo, assim podiam curtir a música sem pagar o couvert.

Cerveja gelada sempre pede um acompanhamento, e frango a passarinho pareceu ideal. Pediram uma porção. Quando o frango chegou, coberto por cebolas finamente cortadas em rodelas envoltas por uma leve camada de algo que parecia farinha de rosca, todas atacaram as cebolas antes do frango. E foi a escolha certa, o frango estava bom, mas aquelas cebolas! Hum! Crocantes, com um leve sabor cítrico - como se houvessem sido embebidas em limão - que em contato com as papilas gustativas provocavam uma leve sensação de torpor. Estavam simplesmente de - li - ci - o - sas!

Ficaram ali, curtindo a cerveja e discutido a receita daquelas cebolas. Foram ‘obrigadas’ a pedir uma porção só de cebolas. Cebolas crocantes era o nome da porção. Comeram, conversaram e de vez em quando voltavam à receita das cebolas até que a dona do bar sentou-se a sua mesa. Conversaram, elogiaram as cebolas, pediram a receita e ela, é claro, veio com toda aquela história de receita da casa, segredo e coisa e tal.

O bar fechou por volta de 1 da manhã, passaram na farmácia, Xuxu comprou soro fisiológico para as lentes de contato e voltaram para o hotel. Ficaram na piscina até um pouco mais tarde e foram dormir. No dia seguinte, curtiram o parque aquático e à noite foram a uma festa, mas o gostinho daquelas cebolas permaneceu nas suas memórias e vez ou outra surgiam nas conversas descontraídas.

Domingo era dia de ir embora, mas é claro que aproveitaram tudo o que podiam. Lá pelas 16h resolveram ir à praça da cidade tomar um Cozumel - cerveja temperada com suco de limão, sal e gelo triturado servida na taça com borda grossa de sal - delícia! E no barzinho onde pararam o dono garantiu que eles fariam as cebolas crocantes para elas. A porção chegou e de cara souberam que não era a mesma cebola. Eram cebolas empanadas, com a casca bem grossa e muito macias, pouco crocantes. Ainda assim, pela simpatia e boa vontade do dono do estabelecimento decidiram aproveitar o momento para terminar aquele agradável final de semana entre amigas.

Na hora de ir embora, não resistiram. Xuxu e Mel foram até o outro barzinho e pediram à dona a gentileza de chamar a cozinheira para ensinar a receita. E qual não foi a surpresa das duas quando ela chamou a dona Cleide? Que veio lá do fundo, com avental xadrez e redinha na cabeça, pegou a mão de Xuxu e com um largo sorriso disse: “minha filha corte as cebolas em rodelas bem finas – você viu lá como é né? - deixe de molho de um dia para o outro em vinagre com sal. Depois passe rapidamente por farinha de trigo (ela jurava que era farinha de rosca!) e frite em óleo bem quente. Coloque sobre um papel absorvente e depois é só comer”.

Xuxu disse: E só isso dona Cleide? Suas cebolas são demais! Obrigada! Beijou-lhe carinhosamente as mãos e foram, satisfeitas e estupefatas com a simplicidade do prato que não saiu das suas lembranças. Como não podia deixar de ser, voltaram para o carro combinando o próximo encontro na casa de alguma delas para tomar Cozumel acompanhado de Cebolas Crocantes da dona Cleide!

Se alguém do grupo já repetiu o prato, não tenho conhecimento. Mas enquanto em Fortaleza fiz essas cebolas na casa das meninas (Cri e Rê), num churrasco da minha despedida – que acabou se tornando o churrasco de comemoração pela extensão do meu tempo em Fortal – e todo mundo adorou! É isso... o prato é simples. Simplesmente delicioso para um tira gosto!


Dica: Quando fizer fritura, coloque para ferver água com alguns cravos. A água deve estar fervendo quando você começar a fritura. O aroma do cravo se sobrepõe ao da gordura e sua casa não fica com aquele cheiro forte de óleo. 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Escondidinho de Morangos em Fortaleza


Eita que essa minha visita a Fortaleza rendeu. Rendeu matança de saudades. Rendeu boas risadas. Rendeu boas saídas, visitar velhos lugares, conhecer lugares novos. Rendeu bons encontros e receitas – muuuuitas receitas.

Quando venho a Fortaleza – sim porque estou por aqui esse mês inteiro – graças a Deus, várias pessoas me recebem em suas casas. Acho isso uma delícia porque a gente mata saudades de forma mais completa: conversando sobre o que vivemos hoje, o que foi vivido no período em que estivemos distantes, nas trivialidades do dia a dia...

A Cri e eu
A Cri – minha amiga Cristina Elena – é minha amiga há uns 8 anos. Nos conhecemos quando eu morava aqui em Fortaleza. E a nossa amizade foi se fortalecendo com o passar dos anos, mesmo à distância. Desse jeito que as amizades vão crescendo sabem? Vivendo alegrias e compartilhando problemas. Matando saudades e dando boas risadas. Coisas que toda boa amizade contém.

Então, como eu ia dizendo, a Cri é uma dessas pessoas que me recebe sempre que vou à Fortal, seja por um dia seja por um mês (e olha que receber uma visita por um mês não é todo mundo que está disposto, mas ela está).  E dessa vez não foi diferente, ela me recebeu. Por todos os 30 dias. Montei base na casa da Cri e da Rê - que é uma gracinha -, e ando dormindo na casa de todo o povo que me convida para suas casas.

Em algumas oportunidades cozinhei para as pessoas lindas que têm me recebido aqui. Já fiz Salpicão de Frango, Pavê Trufado e Torta Salgada (2 vezes). Mas para o meu aniversário, as meninas – a Cri e a Rê – me deixaram fazer um churrasco no deck do condomínio onde elas moram. Para a sobremesa, resolvi fazer Surpresa de Uvas, uma receita que aprendi quando morava aqui em Fortaleza. Mas a Cri me disse que não é lá muito fã de uva – e como ela está me recebendo, melhor agradar né? Vai que ela resolve não me deixar mais ficar na casa dela só por causa de umas uvinhas? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

E vamos combinar que morango e chocolate é uma combinação mais que perfeita. Então substituí a fruta, mudei o nome e fez sucesso. Usei:

2 caixas de morangos lavados e sem o cabo cortados em metades ou picados
1 lata de leite condensado
1 barra de 180g de chocolate amargo ou 4 colheres de sopa de chocolate em pó
2 colheres de leite em pó
½  lata de leite
1 caixinha de creme de leite
2 colheres de vinho tinto ou conhaque
1 colher de sopa de margarina

Fiz um brigadeiro branco mole usando o leite condensado, o leite, o leite em pó e a margarina. Deixei esfriar. Para o ganash, derreti o chocolate amargo no microondas, misturei o creme de leite em temperatura ambiente e o conhaque.

Para montar, em um refratário coloquei todo o brigadeiro branco e deixei esfriar. Cobri com os morangos e por cima o ganash de chocolate. Deixei gelar e servi.
O brigadeiro branco não pode ficar no ponto de brigadeiro senão fica muito duro, pois o doce é gelado. Também não é bom que fique muito mole para não misturar com o ganash. Precisa ficar firme.

A galera aprovou geral. A minha satisfação sempre é ver nas carinhas de “ai que delícia” a aprovação do povo. Esse doce foi servido no churrasco de domingo, depois da praia. A festa continuou regada a muita animação e boas risadas. Diverti-me à beça. Não tinha muita gente, mas acho que todo mundo se divertiu. E apesar das saudades e de querer comemorar com meu povo querido e amado de Brasília, tenho que agradecer a Deus essa oportunidade tremenda de estar aqui nesse momento.

Agora já estou sentindo um aperto quando penso que falta pouco para voltar pra casa. Quando eu for embora, a casa vai esvaziar um pouco – aquela que é tão espaçosa que enche uma casa – rs rs rs. E eu, vou sentir saudades. Das pessoas, dos momentos, da praia. E devo dizer que vou sentir muitas saudades da Cri... e da Rê... e da Vidinha (a poodle linda com quem converso horrores dentro de casa). E o coração vai apertar de novo. E em algum momento, vou querer me programar para voltar.

O negócio está aí: venho e volto e as saudades acabam voltando também. O que é bom, assim sempre que a gente se vê a vida fica ainda mais gostosa!
Rê, eu e Cri

Eu e a Vidinha na nossa posição favorita:
tomando a fresca no sofá
o ventilador na nossa frente!
Para o churrasco do sábado, eu fiz o Pavê de Sonhos de Valsa, mas essa receita vai ficar para outro texto. 

Variação: Minha amiga Bella, fez essa receita fazendo um beijinho no lugar do brigadeiro branco - usando côco ralado no lugar do leite em pó e disse que ficou maravilhosa - tive que testar para postar aqui, e o negócio ficou bom demais!
Obrigada Bella! 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Bolo de Grude da Lu




Assim que chegávamos à casa da Luzia, eu e a Su já íamos gritando do portão: Luuuuuuuuuuuuuu! E era aquela algazarra: abraços e beijos e todo mundo falando ao mesmo tempo. Uma confusão que só a gente entendia! Uma delícia de bagunça armada no bairro José Valter em Fortaleza, onde a Lu morava na época.

Numa das primeiras vezes em que fui à casa da Lu, quando chegamos ela já foi logo dizendo: chegaram na hora certa, acabei de fazer um bolo.
Ao que eu fui logo respondendo: não sou muito fã de bolo Lu!
E ela prontamente replicou: acho que desse você vai virar fã porque ele é diferente. É um bolo salgado.
Salgado?! perguntei - Ah, então é capaz de eu gostar mesmo.

A Luzia estava certíssima, não só gostei como me apaixonei. Devo ter comido umas 4 fatias! O bolo é realmente delicioso. Virei totalmente fã. Assim como a Cri, que também apaixonou no bolo da Lu. E eu e a Cri, o apelidamos de Bolo de Grude da Lu.

A Su foi embora para a Paraíba, e eu para Brasília. Quando vim embora de Fortaleza, a Lu me deu a receita e me ensinou a fazer o bolo de grude. É super fácil:

400g de queijo (a Luzia usa o coalho, mas já fiz com mozzarela)
3 ovos
¼ de xícara de óleo
1 copo e um pouco de leite
3 xícaras de polvilho azedo
 Sal à gosto


Bate tudo no liquidificador exceto o polvilho que deve ser misturado à massa depois de batida. Coloca em forma untada com óleo e assa em forno pré-aquecido a 200º por 30 minutos ou até o garfo sair limpo. Pronto!

O povo que gosta de café, diz que esse bolo é um ótimo acompanhante para o 'pretinho'. Eu, como não gosto como é puro mesmo, com refrigerante, suco, achocolatado... Pra mim, a estrela do lanche é o Bolo de Grude da Lu! Normalmente, os outros bolos de queijo - como são chamados - têm uma consistência meio de pão de queijo, um pouco seca. O da Lu não, o da Lu tem uma consistência 'puxenta', 'liguenta' mesmo. É um autêntico bolo de grude. Sem tirar o mérito das pessoas que fazem e gostam do bolo de queijo, eu prefiro o 'grudento', do jeito que a Lu me apresentou.

Então, todas as vezes em que vou a Fortaleza, a primeira coisa que peço para a Cri é avisar a Luzia que estou chegando e quero bolo de grude. Ela sempre faz o bolo e parece que está cada dia melhor. Já fiz algumas vezes aqui em Brasília, mas o dela parece que tem alguma coisa a mais. Acredito que seja o tempero, normalmente ela tempera com muito amor e, depois que eu vim embora, acho que ela coloca saudade em abundância.

Dessa vez que vim a Fortaleza por um mês, não foi diferente, a Luzia fez um bolo e chamou a gente – eu, Cri, Rê, Ráquel e Marilza - para ir lanchar na casa dela. Gente, pode parecer impossível, mas acho que foi o bolo mais gostoso que ela já fez. E todo mundo concordou.

Ainda hoje, quando nos falamos ao telefone, grito num tom incomparável: Luuuuuuuuu! E parece que esse grito acende um pavio que queima incessante do outro lado quando ela grita: Ciiiiiiinthia!

Eita, saudade é uma coisa louca mesmo né? A gente revê as pessoas várias vezes, fala ao telefone, mas dentro do coração fica aquele gostinho de quero mais. Saudade de fazer as coisas junto, da companhia, de sair, de ficar em casa sem fazer nada, só na companhia das pessoas queridas. É realmente um dos melhores temperos da vida!
Eu e a Lu


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pavê Trufado e Memórias


"Quando Deus trabalha, a obra é perfeita!". Ouvi essa frase inúmeras vezes na minha vida, mas nesse mês de outubro, Deus resolveu me presentear e desde o início pude vivenciar essa frase nos meus dias. Exatos 10 anos depois de ter pisado em Fortaleza pela primeira vez, fui enviada para lá novamente. Desta vez para passar um mês, a trabalho.

Fiquei muito feliz e empolgada com a oportunidade. Eu precisava desse momento: precisava rever as pessoas, matar as saudades, me sentir em Fortaleza novamente não como uma mera turista, mas como alguém que já viveu nessa terra e deixou história e saudades. Claro que a primeira coisa que fiz quando cheguei foi ir à praia, como não podia deixar de ser. E matar saudades da gastronomia local - comi caranguejo, camarão, lagosta, tapioca. De tudo um pouco – também foi imprescindível. A experiência estava sendo deliciosa.
O impagável foi poder rever várias pessoas queridas que deixei no Ceará. As que foram na mesma época que eu e as que conheci pelo caminho. Pessoas lindas, de coração delícia que me receberam e me abrigaram tão bem quando morei nessa terra de calor intenso. Pessoas que participaram de momentos bons e ruins, que compartilharam alegrias e tristezas, que viveram um pouquinho da vida comigo.
Uma outra chance fantástica para mim foi comemorar não só o meu aniversário na cidade, mas estar presente na comemoração de um querido colega de trabalho o Márcio. Conhecemos-nos logo no início do treinamento, ainda em Brasília. A confraternização serviria ainda para matar saudades das pessoas que ainda não tinha visto.
Cada um levava uma coisa: pão, queijo, presunto, bolo, suco, e por aí vai. Eu me ofereci para levar um pavê trufado. Sobremesa deliciosamente simples e gostosa que aprendi num desses meus encontros gastronômicos. Foi sucesso geral: todo mundo adorou! E eu que já estava feliz por demais por estar rodeada de tantas pessoas queridas, fiquei a ponto de explodir de satisfação. Afinal de contas, tem satisfação maior quando você faz uma receita e todo mundo gosta?
O Pavê é ridiculamente fácil e não há uma só vez em que você o faça e não receba elogios. Anote a receita aí:
1 barra de 180g de chocolate meio amargo
1 barra de 180g de chocolate branco
2 caixinhas de creme de leite
6 colheres de bebida alcoólica clara – rum, conhaque, vinho branco, whisky (até cachaça eu já usei)
1 caixa de biscoitos champanhe
Leite para molhar os biscoitos
Molhe uma forma para bolo inglês e forre com filme plástico. (facilita para retirar)
Derreta o chocolate no microondas por 1 minuto. Retire do micro, mexa para ficar homogêneo e acrescente 1 caixa de creme de leite. Acrescente 2 colheres da bebida escolhida e deixe incorporar bem. Despeje a mistura na forma já forrada.
Umedeça os biscoitos champanhe numa mistura de leite e 2 colheres da bebida escolhida. Não pode deixar de molho, tem que umedecer rapidamente para os biscoitos não perderem a firmeza. E cubra o chocolate que já está na forma.
Repita o processo com o outro chocolate e despeje por cima dos biscoitos da forma. As duas trufas de chocolate não se misturam.
Repita o processo dos biscoitos e coloque por cima da segunda camada de chocolate. Leve ao congelador até ficar firme. Aproximadamente 4 horas.
Você pode escolher qual o chocolate quer que fique por cima. O que você colocar no fundo da forma, é o que ficará por cima. Dessa vez escolhi o amargo. Essa sobremesa tem a textura bem macia e a mistura de sabores perfeita. Teste. Garanto que você e seus convidados vão adorar!
Para desenformar, retire do congelador uma meia hora antes de servir (pode deixar na geladeira ou fora dela se não estiver muito calor), molhe a forma do lado de fora. Puxe o filme plástico em toda a extensão da forma até sentir soltar. Depois coloque uma travessa por cima e vire o pavê. Caso ele não saia da forma imediatamente, bata levemente no fundo da forma. Retire o filme plástico e sirva!

Eita que matar saudades é bom, mas matar saudades comendo Pavê Trufado é incomparável!