Sobre a autora e o blog

O céu estava belíssimo: em tom de azul profundo entremeado por um por do sol em mix de rosa, laranja e dourado. Não havia nuvens. É rara a aparição de nuvens no céu de Brasília no mês de setembro. Não chove. Às vezes a seca toma conta da cidade por mais de 100 dias seguidos! A terra vermelha se espalha por baixo e por cima da grama seca. As árvores tortas - típicas da vegetação do cerrado - perdem suas folhas, mas os Ipês continuam floridos, colorindo a cidade de amarelo, roxo e branco. Acredito que Deus estava realmente inspirado durante essa criação.

Eu já fui completamente apaixonada por Brasília – minha terra natal -, mas o crescimento desregrado da população trouxe consigo todos os problemas dignos de uma metrópole. E a cidade que eu tanto amei por seus diferenciais, acabou por tornar-se um lugar comum e há algum tempo eu já não sinto que pertenço a esse lugar. Não me sinto mais confortável pelas ruas da cidade. Sempre parece que algo está faltando. Acho que o fato de ter viajado muito desde pequena e de ter morado fora por duas vezes contribuiu para esse sentimento.

Comecei a viajar aos 2 anos de idade, o que não me permite muitas lembranças dessa época. Aos 8 meu programa favorito era A Cozinha Maravilhosa da Ofélia, um programa de culinária em que a protagonista ensinava a fazer pratos, deliciosos e elaborados, como se fossem a coisa mais simples do mundo. Eu trocava qualquer desenho animado por esse programa! E foi aos 10, quando a professora pediu para decorar as capitais de todos os países do mundo, que tive o meu primeiro contato mais profundo com o mapa mundi, e naquele momento eu me apaixonei por completo! Era um mundo tão grande e tão diversificado que me fez decidir conhecer todos aqueles lugares.

O gosto pelas viagens herdei da minha mãe, sempre adorou viajar! Já o prazer da culinária aprendi com a Áurea, que chamo de minha outra mãe. Ela cuidou de mim quando eu era criança e, segundo relatos da minha mãe, a Áurea me colocava sentada na pedra da pia quando ia cozinhar e ficava conversando comigo. Ali aprendi muita coisa!

Com minha mãe viajei praticamente o Brasil inteiro: Rio, São Paulo, Bahia... O negócio com ela sempre foi viajar! Comigo também! O problema de se viajar muito é o seguinte: encontramos pessoas maravilhosas, conhecemos lugares indescritíveis, culturas variadas e uma diversidade incrível de sabores quando nos permitimos mergulhar na gastronomia local - o que eu me permito, sempre -. Na maioria das vezes a gente se apaixona por pelo menos um desses caracteres, e como o que se foi não volta, é possível que não tenhamos novas oportunidades de reencontrar alguns deles. O coração da gente fica dividido, a saudade passa a ser um sentimento intrínseco em nosso ser e a melancolia quando em vez bate a nossa porta. Comigo é assim. E para amenizar as saudades costumo aprender alguma receita para trazer comigo e fazer nas horas em que a saudade apertar.

Não reclamo porque é essa variedade de experiências que as viagens proporcionam que aumenta meu amor pela vida, mas em alguns momentos sinto vontade de reunir, num mesmo lugar, tudo o que meu coração tem guardado para viver a felicidade plena: não me é possível!

Assim, tenho tentado aprender a viver com o coração dividido: um pedaço em cada lugar. Um pouquinho com cada pessoa.

Nessa minha jornada pela vida, não sei o que veio primeiro: minha paixão pelo mundo ou minha fascinação pela culinária, mas em algum ponto da vida me descobri amando viajar por, além de tudo o mais, me proporcionar descobrir vários sabores.

Foi assim que, depois do incentivos de amigos, tive a idéia de criar esse blog com receitas - umas práticas outras mais elaboradas - roteiros turísticos e dicas, para que seja possível a você leitor, experimentar um pouquinho de cada lugar e, quem sabe aguçar sua curiosidade por conhecer não só a gastronomia, mas o povo, a cultura, o local em si.