quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Bruschettas com Vinho na Varanda


Pelo fato de ter morado algum tempo em Fortaleza, trago comigo várias histórias interessantes de lá. Essa é mais uma. No meu último ano lá, morei num condomínio fechado que tinha 20 casas. A minha era em cima. A dona Gorete (carinhosamente apelidada por mim de dona Gogó) morava lá com seus 3 filhos Varna, Sedna e Naiche (valha, e não tinha nomes mais diferentes para batizar esses meninos não?)  e sua Neta Paula (Ufa, ainda bem que a mãe não resolveu aderir, vai saber o que poderia surgir!). Todos esses nomes diferentes têm o seu significado, depois eu descobri!

Eu adorava o condomínio, e essa família tem uma conexão especial com a minha vida. Uma energia diferente, boa. Eu sempre gostei demais de estar com eles. Dona Gogó foi quem me lembrou esses dias que, quando eu fazia viagens de final de semana para Brasília ou para São Luís ou seja lá para onde fosse, que eu chegava de madrugadinha na segunda-feira, por volta das 5h ou 6h da manhã, acabava perturbando a pobre, porque tinha deixado minha chave não sei com quem ou não a encontrava na mala e precisava entrar para me organizar para o trabalho. Uma mãe a dona Gogó! Nenhum de nós mora no condomínio atualmente, dona Gogó, assim como eu, saiu de Fortaleza e está agora em Campina Grande. Ainda vou visitá-la! Nunca fui à Campina Grande.

Eu, Varna e Naiche vez por outra nos reuníamos na varanda de uma das casas e ficávamos tomando vinho e falando besteira. Sempre com alguma coisa para beliscar: queijo, amendoim, salgadinhos... Fosse o que fosse, o importante era a gente se reunir na varanda para 'tomar a fresca' e jogar conversa fora. Ali ficávamos até altas horas. Era uma delícia de programa.

Vinho ainda é minha bebida favorita! E, devo reforçar que, tomar vinho em Brasília é mais agradável do que em Fortaleza porque não é tão quente, o clima favorece o consumo da bebida. Então, de vez em quando, para matar as saudades tomo vinho na varanda. A diferença é que naqueles tempos tomávamos vinho na varanda do térreo, agora é no 14º andar. É preciso tomar muito cuidado com os efeitos que esse líquido vai causar! kkkkkkkkkkkkkkk e agora não tem mais Varna, não tem Naiche. Mas sempre têm outras pessoas muito especiais e as histórias são diferentes, mas o prazer é semelhante.

Para acompanhar o néctar gosto muito de fazer bruschettas. Elas são rápidas, fáceis e normalmente podemos usar a imaginação no uso dos ingredientes. Uma que adoro leva um tomate e uma cebola médios, picados em cubos pequenos, queijo parmesão ou gorgonzola (depende do sabor que você deseja alcançar), alcaparras ou azeitonas picadas, azeite, sal e pão. Normalmente o pão italiano cortado em fatias é melhor, para preservar a originalidade da receita, mas quando não tem eu uso o que tiver. Até pão de forma integral já entrou na dança e, sinceramente, ficou bom demais!

Mistura-se todos os ingredientes e coloca-se por cima do pão torrado levemente no forno com azeite. No final gosto de acrescentar uma ervinha tipo alecrim ou manjericão fresco para compor o sabor. Você pode misturar o queijo aos ingredientes ou colocá-lo no pão antes de torrar para que ele derreta. Ambas as opções são boas. Diferentes, mas boas.

Ou então você pode verificar a receita de Antepasto de Pimentões que tem aqui no blog para fazer uma Bruschetta de pimentões. É só utilizar pimentões variados. Eu fiz um antepasto com pimentões vermelhos e amarelos seguindo a mesma receita. Depois coloquei o antepasto por cima do pão torrado. Ficou simplesmente perfeito! Acho que foi uma das mais gostosas bruschettas que já provei – a modéstia é algo que me acompanha!

Aí, é só sentar na varanda, agarrar a taça de vinho e continuar a conversa agradável. Bon apetit!

Esse programa é tão agradável que já fiz ele sentada na varanda com Deus. Na verdade Ele sempre esteve presente. Mas já fizemos isso juntos, só nós dois, observando a lua, as estrelas, pensando na vida e conversando – e devo acrescentar é um programa fantástico.


Eita, matar saudades é bom demais! 

obs.: vou ficar devendo fotos da Varna, Naiche, Dona Gogó... não tenho nenhuma para postar agora. 

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Bacalhau de resoluções


Flávia não sabia o que fazer. A ansiedade estava consumindo-a por completo. Gostaria de saber o que fazer com sua vida. Que caminho tomar, por onde seguir. Resolveu tomar uma atitude: fez um check list das coisas a fazer, revisou sua vida umas 30 vezes, repassou seus erros e acertos outras 70 vezes e ainda assim não conseguia se encontrar.  Estava totalmente perdida. Resolveu então fazer a única coisa que lhe acalmava: cozinhar!

Lembrou-se do bacalhau em lascas que havia deixado de molho na geladeira no dia anterior. Retirou o peixe da geladeira - eram mais ou menos uns 500g - pegou também 2 cebolas médias, 6 batatas médias, páprica doce, alecrim, vinagre branco, sal, alho e pimenta do reino a gosto. Azeite, muito azeite.
Ligou para a mãe e para Bruno convidando-os para o almoço e separou duas garrafas de um belo vinho tinto da geladeira, para a adega.

Secou as lascas de bacalhau e passou-as por um pouco de farinha de trigo, depois fritou-as em pouco azeite por aproximadamente 5 minutos, até ficarem douradas. Reservou. Depois, na mesma panela fritou as cebolas, quando elas murcharam acrescentou 2 colheres de sopa de vinagre e páprica a gosto até dourarem. Reservou.

Furou as batatas com um garfo e colocou no microondas por 8 minutos em potência alta. Quando estavam macias, cortou-as em rodelas e - na mesma panela onde tinha fritado o bacalhau e as cebolas - fritou as batatas em azeite e acrescentou o alecrim. Acertou o sal e juntou o bacalhau e as cebolas. Mexeu para incorporar todos os ingredientes e desligou. Serviu numa travessa.  

Enquanto aguardava seus convidados, abriu uma das garrafas de vinho e serviu-se de uma taça. Estava no ponto. Sentou-se no sofá e pôs-se a pensar na vida: todos os lugares pelos quais sonhou passar, as delícias que gostaria de experimentar, as possíveis pessoas que conheceria... Diferentes culturas, belas paisagens. Era tanta coisa nesse sonho que não cabia em seus pensamentos. Pegou o caderno que havia comprado para esse fim e começou a escrever sobre seus sonhos e desejos.

Estava tão perdida em seus pensamentos que nem ouviu a campainha soar. Só se deu conta quando os telefones começaram a tocar juntamente com a campainha e o interfone numa sinfonia absurdamente incômoda. Olhou para o relógio e entendeu que mais uma vez havia se perdido naquele mundo de desejos. Um dia, um dia entenderia porque tanto amor pelo mundo sem ao menos conhecê-lo.

Abriu a porta, atendeu ao interfone e ao telefone ao mesmo tempo. Era hábil para fazer várias coisas ao mesmo tempo. Dona Cilene entrou primeiro, pois Bruno havia descido para tocar o interfone. Ficaram conversando até que ele subisse. Serviu vinho aos convidados e, após alguns minutos, serviu o bacalhau que estava sinceramente saboroso. A combinação dos temperos acentuaram o sabor do peixe, a textura do bacalhau estava ótima e aquelas cebolas eram uma coisa sem comparação. A perfeição do sabor pode ser vista no rosto dos seus convidados. Serviu com arroz integral e uma salada de alface americana, tomates cerejas, manjericão fresco e queijo minas temperada com limão, azeite e sal.

Elogios não faltaram aquele prato. Mais uma vez Flávia sentiu-se imersa num mundo que amava: o mundo dos sabores, texturas e temperos.

É, estava decidido: iria traçar metas e escolher seu objetivo, não podia continuar vivendo dessa forma – insatisfeita com seu emprego, com sua vida, com a não realização de seu grande sonho. Era imprescindível que esse período de aprimoramento acontecesse, e ela sentia em seu coração que isso era apenas o começo de uma nova fase.

domingo, 11 de setembro de 2011

O Tempero da Vida - Almôndegas diferentes




Alissa sempre gostou tanto de receitas que prestava atenção em qualquer lugar: filmes, revistas, conversas alheias (é sério! Sabia que era feio prestar atenção nas conversas alheias, mas isso já rendeu algumas boas receitas). Era assim: onde havia uma receita, estava de antena ligada.

Uma vez uma amiga de infância indicou um filme – a vida pra ela era assim: além de viajar e experimentar novas receitas adorava um cinema – ela disse que tinha visto e achou a cara de Alissa. Teve que ir conferir.

O nome do filme (que existe mesmo) é O Tempero da Vida e se passa parte em Istambul e parte em Atenas, na Grécia. O avô do protagonista tem uma loja de temperos, e ele faz uma metáfora usando os temperos para ensinar astronomia, geografia e coisas da vida ao protagonista quando criança.

Enfim, Alissa gostou muito do filme, a história era boa, as metáforas interessantes e como complemento a boa música e as poucas paisagens mediterrâneas. Mas é claro que o que chamou a atenção foi a receita de Almôndegas que o avô ensina: carne moída, miolo de pão, alho, sal e pimenta a gosto e, canela em pó – é isso mesmo, canela em pó para temperar carne! - Tempera a carne com todos os temperos e o miolo do pão, amassa bem e depois faz as almôndegas. Frita em óleo bem quente.

Ali, o Sr. Vassilis - avô do menino - ensina que se usa a canela em lugar do cominho por ser este muito forte e deixar as pessoas introspectivas. Já aquela é ao mesmo tempo doce e amarga – como todas as mulheres – e faz com que as pessoas olhem nos olhos umas das outras. A mulher que está aprendendo o truque vai cozinhar para a família do pretendente e o Sr. Vassilis diz que, se ela pretende dizer ‘sim’ em resposta ao pedido de casamento deve usar a canela.

Óbvio que depois do filme essa receita foi testada em casa com um molho com tomates frescos batidos no liquidificador, cebolas em cubos bem pequenos refogada em azeite, sal a gosto e uma pitada de açúcar para quebrar a acidez do tomate. Como toque final, uma pitada de canela em pó também no molho. Para as almôndegas usou 500g de carne moída, miolo de 1 pão (ou 1 colher de sopa de farinha de rosca/trigo), 1 colher de sopa de alho amassado, sal e pimenta do reino a gosto e 1 colher de sopa de canela. 


Ao degustar essas almôndegas, ficou constatado que realmente a canela dá um toque especial à receita, e os simples bolinhos de carne passam a ter um sabor fora do convencional. Alissa usou também farinha de rosca ou de trigo quando não tinha o miolo de pão, e a receita ficou muito boa. É apenas uma colher de sopa para 300g de carne, 

Com o passar dos tempos Alissa experimentou receitas com canela em outros pratos e não é que a coisa funciona?! Há que se ter em mente que uma pitada é uma pequena porção e não uma colher de sopa cheia! Mas essa coisa de usar o tempero errado para provar um ponto de vista pode nos levar a lugares antes inimagináveis.

A Grécia era um lugar ainda não explorado por Alissa, Istambul tampouco. Somente através de filmes e livros. Tinho vontade de conhecer ambos os lugares pela culinária exótica, pela diversidade cultural, pela diferença que há intrínseca nas vidas dos habitantes desses lugares. Enquanto não podia estar lá de corpo presente, fechava os olhos enquanto degustava as receitas imaginando-se nesses lugares mediterrâneos...  E meditava na diversidade de temperos para cada vida. E para você, qual o tempero da vida?

Obs.: Quem me falou desse filme foi a Dri (aquela minha amiga de infância que insiste em estar bem presente na minha vida, graças a Deus) e o filme é O Tempero da Vida, vale a pena locar.