quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Pavê de Sonho de Valsa e Recordações



O aroma de lavanda se espalhava pela casa suavemente no exato momento em que Henrique releu o bilhete de despedida deixado sobre o travesseiro. Estava sentado na varanda, observando o alvorecer e olhando uma deliciosa porção daquele pavê de sonho de valsa que Valderina deixara na geladeira antes de viajar. A sua doce Val, sempre fazendo coisas para adoçar sua vida!

O céu estava de um azul bem claro com nuances alaranjadas e douradas do sol que despertava. Lá embaixo carros corriam freneticamente numa luta intensa pelo primeiro lugar nas pistas destoando completamente da paz que reinava ao seu redor. Henrique olhava o bilhete como quem olha um diamante: com admiração total, lembrando-se da despedida na manhã anterior.

Decidiu deixar o bilhete de lado e pegou a taça de vidro que continha a sobremesa. Val não gostava desse seu hábito de comer doces pela manhã, mas quem ligava? Ela estava viajando! Levou à boca uma colherada do doce e – deleitando-se com a textura macia e leve do mesmo e a explosão de sabor - imediatamente foi levado de volta ao passado, mais exatamente falando, à primeira vez em que Val preparara aquela sobremesa para ele... 

Início de namoro - havia 19 anos - conheciam-se há apenas uma semana. Valderina (Que raio de nome é esse? Pensou Henrique quando conheceram) com aquele seu jeito meigo, convidou-o a sua casa para experimentar uma nova receita que ela queria testar enquanto tomavam um vinho. Henrique aceitou o convite com um receio enorme dessa coisa de ser cobaia, mas estava apaixonado, o que mais poderia fazer senão aceitar? Levou uma garrafa de vinho branco chardonay e algumas flores do campo. Era visível que ela tinha gostado, seus olhos brilhavam como pedras preciosas.

Ele entrou. Ela o convidou para ir até a cozinha e servir o vinho enquanto ela preparava a receita. Conversaram muito e a conexão entre eles foi imediata. Era como se conhecessem a vida toda. Henrique ficou embasbacado com a beleza de Valderina – embora um tanto incomodado com seu nome - enquanto cozinhava e percebeu que aquele ambiente acentuava ainda mais sua delicadeza. Após o jantar, ela serviu a sobremesa que preparou naquele momento. Sua perdição! Lembrava a receita desde então:

Para o creme era necessário 1 lata de leite condensado, 1 lata de leite, 1 gema, 4 colheres de sopa de chocolate em pó, 1 colher de sopa de margarina e 1 colher de sobremesa de maisena diluída em leite gelado. Era preciso levar ao fogo todos os ingredientes exceto a maisena que deveria ser acrescentada quando o creme estivesse prestes a levantar fervura, “lembrando de mexer vigorosamente para não empelotar” – dizia Valderina enquanto mexia o creme. Depois você deixa esfriando e passa para a segunda parte.

Enquanto ela preparava o doce, Henrique sabia que já estava perdidamente apaixonado, que o nome dela era o nome dela e não diminuía em nada a beleza dela ou o amor que ele já sentia e que poderia casar-se com ela naquele momento exato. Mas sabia que não era prudente, então voltou a si quando ouviu-a dizendo: “Henrique, você está me ouvindo?”

E continuava a explicar: “se você quiser pode comprar o chantilly pronto para usar como cobertura, caso contrário deverá bater 1 clara em neve e acrescentar 2 colheres de sopa de açúcar, sempre batendo. Separadamente você deverá bater o creme de leite até o ponto de chantilly e incorporar a clara batida com açúcar.

Para servir você forra o fundo da forma com os biscoitos champagne umedecidos – não pode deixar de molho no leite senão vira papa, é só para passar no leite – por cima coloca o creme frio e espalha os bombons picados. Cobre com a cobertura ou chantilly e leva à geladeira. Antes de servir coloca no congelador por 10 minutos. Decora com bombons e é só devorar!”.

Valderina colocou o pavê na geladeira e levou Henrique para a sala. Conversaram e bebericaram por mais ou menos meia hora quando ela então se levantou e sorrindo o sorriso mais exuberante que Henrique já havia visto, foi até a cozinha e serviu o pavê em duas tacinhas de vidro. Quando Henrique levou a primeira colher à boca, tinha certeza de que era apenas questão de tempo e ele então se casaria com aquela mulher. E, de repente, da forma mais natural que pode perguntou: você se incomoda se eu te chamar de Val? - Ambos olharam-se e riram muito - daquelas risadas bem gostosas que puxam de dentro da gente - até que ela disse sim e eles beijaram-se apaixonadamente.

Hoje ele tinha certeza de que tomara a decisão certa, era feliz e apesar dela ter partido há menos de 24 horas ele ansiava por seu doce retorno com avidez. 

Obs.: Está faltando a foto do doce pronto porque eu esqueci de tirar! Desculpem.

Um comentário:

  1. EEEEEEEEEEEEEEE muito gostoso!!! vou ter que tomar uma lactase pra poder comer essa torta divina!!!! beijos e aproveita ai Cin! beijocas Nicole

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