O aroma de lavanda se espalhava
pela casa suavemente no exato momento em que Henrique releu o bilhete de
despedida deixado sobre o travesseiro. Estava sentado na varanda, observando o
alvorecer e olhando uma deliciosa porção daquele pavê de sonho de valsa que
Valderina deixara na geladeira antes de viajar. A sua doce Val, sempre fazendo
coisas para adoçar sua vida!
O céu estava de um azul bem claro
com nuances alaranjadas e douradas do sol que despertava. Lá embaixo carros
corriam freneticamente numa luta intensa pelo primeiro lugar nas pistas
destoando completamente da paz que reinava ao seu redor. Henrique olhava o
bilhete como quem olha um diamante: com admiração total, lembrando-se da
despedida na manhã anterior.
Decidiu deixar o bilhete de lado
e pegou a taça de vidro que continha a sobremesa. Val não gostava desse seu
hábito de comer doces pela manhã, mas quem ligava? Ela estava viajando! Levou à
boca uma colherada do doce e – deleitando-se com a textura macia e leve do
mesmo e a explosão de sabor - imediatamente foi levado de volta ao passado,
mais exatamente falando, à primeira vez em que Val preparara aquela sobremesa
para ele...
Início de namoro - havia 19 anos
- conheciam-se há apenas uma semana. Valderina (Que raio de nome é esse? Pensou
Henrique quando conheceram) com aquele seu jeito meigo, convidou-o a sua casa
para experimentar uma nova receita que ela queria testar enquanto tomavam um
vinho. Henrique aceitou o convite com um receio enorme dessa coisa de ser
cobaia, mas estava apaixonado, o que mais poderia fazer senão aceitar? Levou
uma garrafa de vinho branco chardonay e algumas flores do campo. Era visível
que ela tinha gostado, seus olhos brilhavam como pedras preciosas.
Ele entrou. Ela o convidou para
ir até a cozinha e servir o vinho enquanto ela preparava a receita. Conversaram
muito e a conexão entre eles foi imediata. Era como se conhecessem a vida toda.
Henrique ficou embasbacado com a beleza de Valderina – embora um tanto
incomodado com seu nome - enquanto cozinhava e percebeu que aquele ambiente
acentuava ainda mais sua delicadeza. Após o jantar, ela serviu a sobremesa que
preparou naquele momento. Sua perdição! Lembrava a receita desde então:
Para o creme era necessário 1
lata de leite condensado, 1 lata de leite, 1 gema, 4 colheres de sopa de
chocolate em pó, 1 colher de sopa de margarina e 1 colher de sobremesa de
maisena diluída em leite gelado. Era preciso levar ao fogo todos os
ingredientes exceto a maisena que deveria ser acrescentada quando o creme
estivesse prestes a levantar fervura, “lembrando de mexer vigorosamente para
não empelotar” – dizia Valderina enquanto mexia o creme. Depois você deixa
esfriando e passa para a segunda parte.
Enquanto ela preparava o doce,
Henrique sabia que já estava perdidamente apaixonado, que o nome dela era o
nome dela e não diminuía em nada a beleza dela ou o amor que ele já sentia e
que poderia casar-se com ela naquele momento exato. Mas sabia que não era
prudente, então voltou a si quando ouviu-a dizendo: “Henrique, você está me
ouvindo?”
E continuava a explicar: “se você
quiser pode comprar o chantilly pronto para usar como cobertura, caso contrário
deverá bater 1 clara em neve e acrescentar 2 colheres de sopa de açúcar, sempre
batendo. Separadamente você deverá bater o creme de leite até o ponto de
chantilly e incorporar a clara batida com açúcar.
Para servir você forra o fundo da
forma com os biscoitos champagne umedecidos – não pode deixar de molho no leite
senão vira papa, é só para passar no leite – por cima coloca o creme frio e espalha
os bombons picados. Cobre com a cobertura ou chantilly e leva à geladeira.
Antes de servir coloca no congelador por 10 minutos. Decora com bombons e é só
devorar!”.
Valderina colocou o pavê na
geladeira e levou Henrique para a sala. Conversaram e bebericaram por mais ou
menos meia hora quando ela então se levantou e sorrindo o sorriso mais
exuberante que Henrique já havia visto, foi até a cozinha e serviu o pavê em
duas tacinhas de vidro. Quando Henrique levou a primeira colher à boca, tinha
certeza de que era apenas questão de tempo e ele então se casaria com aquela
mulher. E, de repente, da forma mais natural que pode perguntou: você se
incomoda se eu te chamar de Val? - Ambos olharam-se e riram muito - daquelas
risadas bem gostosas que puxam de dentro da gente - até que ela disse sim e
eles beijaram-se apaixonadamente.
Hoje ele tinha certeza de que
tomara a decisão certa, era feliz e apesar dela ter partido há menos de 24
horas ele ansiava por seu doce retorno com avidez.
Obs.: Está faltando a foto do doce pronto porque eu esqueci de tirar! Desculpem.
EEEEEEEEEEEEEEE muito gostoso!!! vou ter que tomar uma lactase pra poder comer essa torta divina!!!! beijos e aproveita ai Cin! beijocas Nicole
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