Precisava de uma receita prática que não usasse ingrediente algum e resultasse num prato deliciosamente saboroso e matar sua vontade de comer “uma coisa”. Era assim que dizia quando tinha vontade de comer algo muito gostoso, mas não sabia exatamente o que. E era isso o que desejava naquele momento: algo delicioso!
Foi fuçando as prateleiras e conseguiu levantar os seguintes ingredientes: 200g de talharim fresco – só que estava congelado; ½ triângulo de queijo gorgonzola que sobrou da noite de queijos e vinhos que preparou para o namorado; +- 50g de queijo parmesão que tinha ralado para o risoto que fez para a mãe; 2 colheres de creme de leite fresco – que a essa altura do campeonato de fresco não tinha mais nada, pois estava na geladeira há mais ou menos uma semana; castanhas de caju; 1 garrafa de vinho tinto seco carmenere que estava gelando há dias (isso combinava? Ah, teria de combinar).

O interfone tocou. Como assim o interfone tocou? Não estava esperando ninguém! E tinha planos para aquela tarde, havia planejado tudo meticulosamente: depois do almoço lavaria as louças, organizaria a casa e se deitaria para ler um bom livro e tirar aquele cochilo. Estava planejando isso há dias! Ficou na dúvida se deveria ou não atender, mas acabou sucumbindo ao toque irritante daquela campainha. Quem poderia ser?
- Oi.
- Oiê! tudo bem?
- Quem é?
- Sou eu, Luís, oras quem é?!
- Que Luís?
- Ê, vai começar de brincadeira é?
- Olha Luís, sinceramente eu acho que você tocou na casa errada. Eu não conheço nenhum Luís.
- Mas aí não é a casa da Graça?
- Não, Luís, aqui não é a casa da Graça.
- Mas não é do 803?
- Não, é do 703!
- Ah tá, desculpa!
- Tudo bem.
Quando voltou-se ao fogão, a água já estava fervendo. Colocou a massa - apenas metade do pacote, poderia precisar de uma outra vez – e marcou 8 minutos no temporizador. Acabado o tempo, retirou a massa, lavou em água fria e começou a fazer o molho. Derreteu uma colher de sopa de manteiga e passou o talharim. Adicionou metade do queijo gorgonzola e quando este começou a derreter juntou o creme de leite fresco. Acrescentou metade do parmesão e desligou o fogo. Nesse momento colocou as castanhas de caju picadas grosseiramente.
Colheu algumas folhas de manjericão do pé que mantinha na varanda, serviu uma taça do vinho tinto que estava na geladeira. Sentou-se em frente à TV e, como não tinha nada que prestasse passando, ligou o DVD e colocou Sem Reservas para ver de novo.
Deu a primeira garfada no talharim e o primeiro pensamento que lhe veio à cabeça foi: Como podia ficar tão boa uma massa quase sem ingredientes? Sinceramente, não faltava nada. Ao terminar de comer, deitou-se no sofá onde adormeceu pelo resto da tarde deixando as louças, a casa e o bom livro para um outro momento. Um momento em que não estivesse curtindo um cochilo tão gostoso.
Adorei!
ResponderExcluirSimples e fácil de fazer!